O Legado Duradouro de Onimusha: A Saga do Guerreiro Oni

A franquia Onimusha, da Capcom, consolidou-se como uma das séries mais distintas da desenvolvedora, graças à sua mistura única de fantasia histórica, ação hack-and-slash e horror sobrenatural. Recontando a história do Japão com uma pitada de intervenção demoníaca dos Genma, a série construiu um nicho próprio dentro do gênero de ação e aventura. Vamos revisitar a trajetória dessa saga, desde suas origens surpreendentes, passando por seu auge, o longo hiato, até o atual ressurgimento impulsionado por remasterizações e perspectivas futuras.

O Nascimento de Onimusha: Da Ideia à Era Dourada

A origem de Onimusha remonta a 1997, com a proposta de Yoshiki Okamoto de criar “Sengoku Biohazard” — uma espécie de Resident Evil ambientado no Japão feudal, mas com ninjas, espadas e shurikens. Inicialmente planejado para o Nintendo 64DD, o projeto foi transferido para o PlayStation e, depois, para o PlayStation 2, graças às possibilidades gráficas mais avançadas da nova plataforma. Ainda que uma versão para o primeiro PlayStation tenha sido iniciada, com cerca de 50% de desenvolvimento concluído, acabou sendo descartada.

Dessa concepção nasceu Onimusha: Warlords (2001), combinando combate hack-and-slash, quebra-cabeças e narrativa inspirada em figuras históricas. O primeiro protagonista, Samanosuke Akechi, foi modelado e dublado pelo ator Takeshi Kaneshiro, trazendo um apelo cinematográfico inédito à época. Embora herdasse elementos de Resident Evil, como câmeras fixas e resolução de enigmas, o foco em ação direta e o estilo visual sombrio ajudaram a definir sua identidade própria.

O sucesso foi imediato: Warlords se tornou o primeiro título do PlayStation 2 a ultrapassar um milhão de cópias vendidas, atingindo a marca de 2,02 milhões de unidades no total. O combate visceral, aliado à estética sombria e aos gráficos de ponta, fez do jogo um marco no início da geração PS2.

A Consolidação com Samurai’s Destiny e Demon Siege

Em 2002, chegou Onimusha 2: Samurai’s Destiny, com o novo protagonista Jubei Yagyu, inspirado no ator Yūsaku Matsuda. A mecânica de amizade e as escolhas do jogador acrescentaram um novo nível de profundidade narrativa, ampliando o fator replay. Com vendas globais de 2,10 milhões de unidades, este foi o ponto mais alto da franquia em termos comerciais.

Apesar do sucesso, algumas escolhas de design, como a manutenção dos controles no D-pad e câmeras fixas, começaram a gerar críticas. Além disso, a inclusão de atores reais trouxe um desafio: os custos de licenciamento dificultaram futuros relançamentos. Não por acaso, Warlords foi o primeiro remasterizado em 2018, antes mesmo de Samurai’s Destiny, cuja remasterização só chegou anos depois.

Em 2004, Onimusha 3: Demon Siege ousou ainda mais, levando a história para a Paris contemporânea, numa tentativa clara de atrair o público ocidental. Jean Reno deu vida ao novo co-protagonista Jacques Blanc, enquanto Donnie Yen coreografou as impressionantes cenas de luta em CGI. As melhorias nos controles, agora totalmente em 3D e mais próximos de Devil May Cry, foram elogiadas, assim como a narrativa de viagem no tempo. Ainda assim, apesar do sucesso crítico (Metacritic 85/100), as vendas caíram para 1,5 milhão de unidades.

O Declínio Comercial com Dawn of Dreams

Lançado em 2006, Onimusha: Dawn of Dreams marcou uma guinada estética, com visual mais próximo de um anime. O jogo trouxe inovações notáveis, como múltiplos personagens jogáveis, transformações únicas e até modo cooperativo. No entanto, as vendas decepcionaram: apenas 325 mil unidades no Japão em seu ano de lançamento. Embora a crítica tenha elogiado sua jogabilidade (Metacritic 81/100), o afastamento do estilo realista e a repetição na ação afastaram parte do público. Este fracasso comercial levou a Capcom a colocar a franquia em um longo período de dormência, que perdurou por quase duas décadas.

Os Spin-Offs: Experimentos Paralelos

Durante o hiato dos títulos principais, a Capcom tentou manter a marca viva com spin-offs:

  • Onimusha Blade Warriors (2003): Um jogo de luta 2D para PlayStation 2 que reunia vários personagens da série em combates multiplayer. Recebeu críticas medianas, com elogios ao caos divertido das lutas, mas críticas à falta de profundidade e enredo.

  • Onimusha Tactics (2003): Um RPG de estratégia lançado para Game Boy Advance, adaptando o universo Onimusha ao estilo tático por turnos. Embora tenha agradado alguns fãs, sua simplicidade e gráficos caricatos não empolgaram tanto os veteranos da franquia.

  • Onimusha Soul (2012): Um experimento online que misturava cartas e construção de cidades, lançado para navegadores e dispositivos móveis. Apesar de inovador, teve vida curta e foi descontinuado em 2017.

Esses projetos mostraram que, embora a marca tivesse potencial para explorar novos formatos, o público sempre preferiu o núcleo original de ação hack-and-slash em terceira pessoa.

Conclusão: O Presente e o Futuro de Onimusha

A trajetória de Onimusha reflete bem o desafio de equilibrar inovação com fidelidade às origens. Enquanto os primeiros títulos conquistaram o público com sua combinação de ação intensa, ambientação histórica e horror sobrenatural, as tentativas posteriores de diversificação nem sempre encontraram o mesmo sucesso.

Nos últimos anos, com o sucesso dos remasters de Warlords e Samurai’s Destiny, a Capcom vem demonstrando interesse em reativar suas IPs adormecidas. A expectativa de um retorno maior da franquia segue viva, impulsionada tanto pela nostalgia dos fãs quanto pelas novas tecnologias que podem revigorar o universo dos guerreiros Oni.

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