The post O SORRISO MACABRO appeared first on Combo XD.
]]>Houve uma reunião noturna na aldeia, como é costume. Mas os jovens e as donzelas presentes não eram filhos de camponeses abastados. A reunião acontecia numa casa deserta e os rapazes formavam uma multidão barulhenta, risonha e zombeteira que se fazia ouvir de uma ponta à outra da aldeia, e as meninas comportavam-se exatamente como os rapazes. Fizeram uma grande fogueira, as meninas começaram a rodopiar, os rapazes contaram todo tipo de piadas e as meninas morriam de rir.
Quando já era noite avançada, três jovens, desconhecidos dos convivas, entraram na casa. “Boa noite, boa noite”, disseram, e se juntaram na conversa geral. Enquanto todos conversavam, uma das garotas deixou cair a sua roca. Então, abaixou para pegá-la. Quando voltou ao seu lugar, estava branca como giz.
—O que houve? — perguntou uma jovem que estava ao seu lado.
A moça murmurou-lhe que os três estranhos tinham cascos de cavalos em vez de pés.
O que deveriam fazer?
Passaram, por sussurros, a terrível descoberta uma a outra e aos rapazes: os três estranhos eram vampiros, não homens.
Então, eles escaparam, um a um, e correram para casa. Os três vampiros assumiram as formas típicas de vampiros. Mas não ficaram sozinhos em casa, pois havia uma mocinha dormindo junto ao forno.
Ao amanhecer do dia seguinte, a irmã da garota adormecida, acompanhada por algumas amigas, correu para ver o que lhe havia acontecido. Quando as moças estavam a alguma distância da casa, vislumbraram uma cara sorridente a olhar pela janela
— Oh, oh — disseram elas — a nossa irmã está sorrindo!
Aproximaram-se e, entrando na casa, ficaram horrorizadas. Persignaram-se. Era somente a cabeça que jazia na janela: como os lábios haviam sido cortados, o rosto parecia sorrir[1]. Os seus intestinos, esticados, prendiam-se às unhas e espalhavam-se pelas prateleiras, e toda a casa estava manchada de sangue.
Pobre Menina!
[1] Este jocoso hábito de cortar os lábios de suas vítimas não é peculiar aos vampiros. É assim que montenegrinos, turcos e outros tratam ocasionalmente seus inimigos derrotados (N. da A).
The post O SORRISO MACABRO appeared first on Combo XD.
]]>The post Os Sete Corvos appeared first on Combo XD.
]]>The post Os Sete Corvos appeared first on Combo XD.
]]>The post A TATUAGEM – Saki (Conto) appeared first on Combo XD.
]]>
— O jargão artístico dessa mulher me cansa — disse Clovis a seu amigo jornalista. — Adora dizer que certos quadros “crescem sobre nós”, como se fossem uma espécie de fungo.
— Isso me lembra — disse o jornalista — a história de Henri Deplis. Eu já lhe contei alguma vez?
Clovis negou com a cabeça.
— Henri Deplis era por nascimento um nativo do Grão-Ducado de Luxemburgo. Em razão de uma reflexão mais madura, converteu-se em caixeiro-viajante. Suas atividades frequentemente o levavam além dos limites do Gão-Ducado e, estando numa pequena cidade do norte da Itália, chegaram-lhe notícias de que havia recebido um legado de um parente distante, que havia falecido.
Não era um grande legado, ao menos do modesto ponto de vista de Henri Deplis. Ainda assim, o impeliu a umas extravagâncias aparentemente inofensivas. Em particular, o levou a patrocinar a arte local, representada pelas agulhas de tatuagens do Signor Andreas Pincini. O Signor Pincini era, talvez, o mais brilhante mestre de tatuagem que a Itália havia conhecido, mas estava decididamente empobrecido, e pela soma de seiscentos francos empreendeu alegremente a tarefa de cobrir as costas de seu cliente, desde a clavícula até a cintura, com uma brilhante representação da Queda de Ícaro. O desenho, quando finalmente desenvolvido, causou uma ligeira desilusão no Sr. Deplis, que havia imaginado que Ícaro era uma fortaleza tomada por Wallenstein[1] na Guerra dos Trinta Anos, mas ficou mais que satisfeito com o trabalho executado, que foi aclamado por todos os que tiveram o privilégio de vê-lo como a obra-prima de Pincini.
Foi o seu maior esforço e o último. Sem sequer esperar o pagamento, o ilustre artesão deixou este mundo e foi enterrado em uma tumba ornamentada, cujos querubins alados proporcionavam pouco campo de aplicação para o exercício de sua arte favorita. Ficava, todavia, a viúva de Pincini, a quem eram agora devidos os seiscentos francos. Em sequência, veio à tona a grande crise na vida de Henri Deplis, caixeiro-viajante. O legado, sob o peso de numerosas cobranças, havia minguado a uma proporção insignificante, e quando uma premente fatura de vinho e diversas outras coisas correntes haviam sido pagas, restava pouco mais de quatrocentos e trinta francos para oferecer à viúva. A dama estava justamente indignada. Não tanto, como explicou voluvelmente, devido à sugestão de suprimir-se da dívida cento e setenta francos, mas sobretudo pelo intuito de diminuir o valor da reconhecida obra-prima do seu marido falecido. Em uma semana, Deplis se viu obrigado a reduzir a sua oferta a quatrocentos e cinco francos, o que atiçou a indignação da viúva, convolando-a em fúria. Cancelou a venda da obra de arte e, alguns dias depois, Deplis se inteirou, consternado, de que a viúva a doara a obra-prima à municipalidade de Bérgamo que, agradecida, a aceitou. Deixou a vizinhança o mais discretamente possível e se sentiu genuinamente aliviado quando seus negócios os levaram a Roma, onde esperava que sua identidade e a da famosa obra de arte pudessem perder-se de vista.
Mas Deplis carregava nas costas o peso do gênio do defunto. Certo dia, ao aparecer no fumegante corredor de um banho a vapor, foi imediatamente obrigado a vestir as roupas. Partia a ordem do proprietário, um italiano do Norte, que se recusou enfaticamente a permitir que a celebrada Queda de Ícaro fosse exibida em público sem a permissão da municipalidade de Bérgamo. O interesse público e a vigilância oficial aumentaram quando a questão foi mais amplamente conhecida, e Deplis já não mais podia tomar um simples banho no mar ou num rio nas tardes mais tórridas, a menos que se cobrisse até a clavícula com um grande traje de banho. Depois, as autoridades de Bérgamo conceberam a ideia de que a água salgada podia ser prejudicial à obra de arte e engendraram um perpétuo interdito que impedia ao atormentado caixeiro-viajante banhar-se no mar em qualquer circunstância. Este se sentiu ardentemente agradecido quando a firma, da qual era empregado, o destinou a um novo ramo de atividades na região de Bordeaux. Seu agradecimento, todavia, cessou na fronteira franco-italiana. Um imponente destacamento de forças oficiais impediu a sua partida, lembrando-o, severamente, de que uma lei específica proibia a exportação de obras de arte italianas.
Esse fato deu origem a uma reunião diplomática entre os governos italiano e luxemburguês, e em um dado momento a conjuntura europeia enturvou-se com a possibilidade de problemas. Mas o governo italiano se manteve firme. Declinou absolutamente das peripécias e mesmo da existência de Henri Deplis, caixeiro-viajante, e permaneceu inflexível em sua decisão de que a Queda de Ícaro (obra do falecido Pincini, Andreas), atualmente propriedade da municipalidade de Bérgamo, não devia jamais abandonar o país.
O alvoroço arrefeceu com o tempo, mas o infeliz Deplis, que estava constitucionalmente em condições de retrair-se, encontrou-se novamente, alguns meses mais tarde, no centro de uma furiosa controvérsia. Certo especialista em arte de nacionalidade alemã, que obtivera da municipalidade de Bérgamo a permissão para inspecionar a famosa obra-prima, declarou que era um Pincini falso, provavelmente obra de um discípulo que o mestre havia acolhido nos anos de sua decadência. A declaração de Deplis sobre o assunto carecia, obviamente, de valor, porquanto estivera sob a influência dos habituais narcóticos durante o longo processo de agulhar a estampa. O editor de uma revista italiana de arte refutou as opiniões do especialista alemão e se propôs a demonstrar que a vida privada do expert não se adequava a nenhum critério moderno de decência. A totalidade da Itália e Alemanha se entrelaçou na disputa, houve cenas tempestuosas no parlamento espanhol, e a Universidade de Copenhague outorgou uma medalha de ouro ao especialista alemão (enviando depois uma comissão para examinar as suas provas in situ), enquanto que dois estudantes poloneses em Paris se suicidaram para mostrar o que pensavam sobre o assunto.
Entretanto, o miserável portador humano da obra de arte não ia melhor do que antes, e não surpreende que caísse nas fileiras dos anarquistas italianos. Pelo menos quatro vezes foi escoltado até a fronteira como um perigoso e indesejável estrangeiro, mas era sempre trazido de volta com a Queda de Ícaro (atribuído a Pincini, Andreas, princípios do século XX). E depois, num certo dia, em um congresso anarquista de Gênova, um camarada trabalhador, no calor do debate, derramou uma ampola de líquido corrosivo em suas costas. A camisa vermelha que usava mitigou os efeitos, mas o Ícaro ficou arruinado a ponto de tornar-se irreconhecível. Seu agressor foi severamente admoestado por atacar um companheiro anarquista e foi condenado a sete anos de prisão por destruir um tesouro de arte nacional. Mal abandonou o hospital, Henri Deplis foi obrigado a cruzar a fronteira como um estrangeiro indesejável.
Nas ruas mais tranquilas de Paris, especialmente na vizinhança do Ministério de Belas Artes, pode-se encontrar, às vezes, um homem deprimido e ansioso que, se perguntado pelas horas, responderá com um sotaque ligeiramente Luxemburguês. Abriga a ilusão de que é um dos braços perdidos da Vênus de Milo, e espera convencer o governo francês a comprá-lo. Em todos os outros assuntos, creio que ele está razoavelmente são.
Publicado em: Contos de terror
[1] Albrecht von Wallenstein (1583 – 1634), general boêmio, lutou em favor de Fernando II, imperador do Sacro-Império Romano-Germânico, na Guerra dos Trinta Anos (1618 – 1648).
The post A TATUAGEM – Saki (Conto) appeared first on Combo XD.
]]>The post A Estrela – H.G. Wells (Conto) appeared first on Combo XD.
]]>The post A Estrela – H.G. Wells (Conto) appeared first on Combo XD.
]]>The post O ovo de cristal – H.G. Wells (Conto) appeared first on Combo XD.
]]>
The post O ovo de cristal – H.G. Wells (Conto) appeared first on Combo XD.
]]>The post O CASO DE LADY SANNOX appeared first on Combo XD.
]]>
The post O CASO DE LADY SANNOX appeared first on Combo XD.
]]>
Há duzentos anos, numa aldeia da Boêmia, existia uma bela jovem pertencente a uma família de um lavrador. De nome Maria, tinha um bom coração. Amava os pais, aos quais, desde a tenra infância, tratava de ser útil, encarregando-se voluntariamente de várias atividades domésticas. Por este motivo, também era estimada da sua família e da gente do povoado. As mães a citavam como um exemplo de amor filial, e de um procedimento digno de toda a consideração.
Maria tinha 18 anos quando chegou à sua aldeia um estrangeiro jovem e de boa presença, parecendo ser de alguma cidade, em razão do seu vestuário; pois, ainda que simples, era elegante, e as suas maneiras afáveis e corteses diferiam muito das que se usavam na aldeia. Maria, sagaz como era, não deixou de notar esta diferença e, desde esse momento, uma sorte funesta pareceu adejar sobre o seu destino.
O estrangeiro estabeleceu sua morada junto à casa dos pais de Maria, e, desta maneira, muitas vezes a encontrava. Não deixava de olhar para ela de uma maneira singular e tão estranha que fez cismar a pobre moça. Maria nunca tinha sentido, da parte dos moços da aldeia, quando para ela olhavam, a influência ou atração que sobre ela exercia o jovem estrangeiro, o que lhe deu, depois, desejos de chorar e, algumas vezes, de rir, sem saber por quê, sofrendo fortes palpitações do coração.
Passado algum, tempo, Hantz (era este o nome do estrangeiro) se animou a falar com a linda jovem e, desde então, ela não podia dormir. E se, devido ao cansaço, fechava os olhos, terríveis sonhos vinham agitar-lhe o sono. Era sempre o estrangeiro quem neles figurava, mas de uma maneira bem diferente: às vezes aparecia-lhe como um anjo do céu enviado para lhe oferecer a felicidade; outras vezes, como um demônio do inferno, que subia à terra expressamente para causar-lhe a perdição e levá-la consigo para as penas eternas. Então, a infeliz Maria lutava com esta horrível visão. Acordava sobressaltada, pálida e inundada de suor glacial; depois, era atacada de febre que lentamente lhe fazia desbotar as faces e os lábios, seguindo-se profunda tristeza que a consumia, ao mesmo tempo que angústias mortais lhe devoravam o coração. Enfim, Maria, pálida, magra e triste, já não parecia a mesma. Pobre moça!
Por muito tempo, ela lutou contra o seu destino. Encomendou novenas, rezou, invocou os santos, jejuou semanas inteiras. Nada disto, porém, lhe valeu, e a infeliz julgou que o céu a tinha abandonado e caiu em desespero.
Certa tarde, ao cair do sol, ela vinha sozinha da vila próxima. Andava depressa para que a escuridão a não apanhasse no caminho, visto que uma nesga de lua já nascia por sobre os morros distantes. Porém, lançando a vista para um pinheiral próximo do caminho, pareceu-lhe que um enorme fantasma lhe seguia os passos. Vislumbrou um misterioso espectro, que olhava para ela com olhos em chamas. Cheia de pavor, pôs-se a examinar, trêmula, aquela entidade fantástica. Procurando distinguir na escuridão aqueles contornos confusos, conseguiu ver bem distintamente que tinha dois chifres na cabeça, a língua vermelha e comprida, garras nas pontas dos dedos e os pés fendidos. Assustada, continuou a andar aceleradamente, conservando na imaginação a desmedida e horrenda figura que lhe aparecera.
De repente, ouviu uma voz suave que a chamava, e voltando-se, viu Hantz junto a si.
Ele disse, então:
—Maria, não te assustes! Não sabes que eu te amo, e que só desejo te ver feliz?
Neste momento, a lua cheia flutuava sobre o cume da montanha vizinha e, com a sua luz, a infeliz Maria já não via o horrendo fantasma que lhe parecera ter língua vermelha, grandes orelhas e garras.
A sorte já pesava sobre o seu destino. Perdeu o juízo e respondeu:
— Hantz, eu não estou com medo, e eu creio….
Hesitou, e nada mais pôde dizer.
Hantz, contudo, percebeu a sua perturbação e disse-lhe:
— Maria, eu bem sei que tu me amas, e deves ficar certa que, pelo céu ou pelo inferno, seremos felizes.
A estas palavras, a jovem estremeceu, e continuou a caminhar para sua casa acompanhada pelo estrangeiro, que. três dias depois, a pediu em casamento.
Seus pais, sabendo que Maria estava disposta a casar-se com aquele moço, cujo comportamento era exemplar, consentiram, e dali a 25 dias, a pedido do noivo, foi o casamento celebrado exatamente quando era lua cheia.
Maria, depois do casamento, parecia muito satisfeita. Todavia, ainda vivia incomodada, porque começou a ter sonhos horrorosos pela preocupação que tinha, motivada pela blasfêmia de Hantz, e por ele ter retardado o seu casamento até o dia da lua cheia. Isto lhe causava preocupações.
De repente, Hantz ficou triste, uma palidez mortal lhe cobriu o rosto e perdeu inteiramente as forças. Não quis consultar um médico, e quando a pobre moça lhe perguntava, chorando, qual era a sua doença, a resposta era um sorriso. Enfim, depois de constante padecimento, antes da lua cheia, Hantz morreu.
A sua morte foi muito sentida pelos parentes de Maria que, pela sua parte, ficou inconsolável por espaço de três dias, findos os quais, com admiração de todos, ela pareceu quase aliviada das suas penas.
Tinham já passado três ou quatro meses sem que Maria desse sinal algum de padecimento. Empregava-se no serviço da casa, seguindo a sua marcha antiga, exceto, porém, em ir à missa e em rezar, o que seus pais muito estranhavam. Nunca lhe ouviram falar em Hantz, e isto provava que ela já o havia esquecido. Mas, quando mal esperavam, ela começou a emagrecer e a tornar-se pálida a ponto de a considerarem tísica, visto que não apresentava sintoma de outra moléstia.
Sua mãe observou, ou pelo menos assim lhe parecia, que ela, ao levantar-se da cama, estava mais débil e mais abatida do que de tarde, principalmente no tempo da lua cheia. Incitada pelos cuidados de mãe, fez um pequeno buraco na porta do quarto de Maria, a fim de se convencer pelos seus olhos e ouvidos se a sua filha querida rezava de noite, ou, enfim, qual era o motivo do seu padecimento. Durante as primeiras noites em que espiou pelo buraco da porta, não observou coisa alguma extraordinária, e já as suas desconfianças se haviam desvanecido quando, uma noite…
Seriam onze horas e três quartos. Maria já se tinha deitado e a lua, saindo de uma nuvem, lançava os seus argênteos raios que, passando pela janela aberta, iluminavam o quarto. Então a mãe ouviu um gemido, depois uma voz débil, que dizia, sem dúvida sonhando:
— Oh, Hantz! Oh, meu amigo! Eu sou a tua esposa querida. Eu te amo…. Oh, sim! Eu te amo…. E, não obstante, me parece que as tuas caricias me fazem gelar o coração e me matam….
Depois, ela deu um doloroso e longo suspiro, e a mãe nada mais ouviu. Então olhou pelo buraco da porta e viu….
Qual não foi o terror que invadiu a sua alma! Esfregou os olhos, beliscou os braços para se capacitar de que não sonhava, e viu…. um vampiro!
Ela logo o reconheceu: era Hantz. Não aquele Hantz pálido, magro e descarnado pela enfermidade como estava no dia em que morreu, mas um Hantz robusto, fresco e vermelho como o tinha visto no tempo da sua perfeita saúde. Aquele espectro era Hantz, morto e enterrado no cemitério da aldeia havia mais de três meses….
Ela viu o cadáver redivivo em pé, junto à cama da sua filha e debruçado sobre ela, aplicando-lhe os lábios ao pescoço. Viu uma gota de sangue sobre o pescoço de Maria, que corria dos lábios trêmulos do espectro.
A pobre mulher, vendo isto, deu um grito espantoso e caiu desmaiada. Ao estrondo da queda, o pai de Maria, e toda a gente da casa acudiram. Levantaram a infeliz mãe, arrombarão a porta do quarto e nele só acharão o inanimado corpo de Maria!
Chamou-se o médico imediatamente. Este, porém, depois de fazer o necessário exame, declarou que não havia meio algum de lhe restituir a vida, porque não tinha uma só gota de sangue no corpo. E, por duas nódoas roxas que se avistavam no pescoço, iguais às que deixam as sanguessugas, conheceu-se a verdade do médico.
A mãe da infeliz Maria recuperou a consciência, mas, como contava o que tinha visto pelo buraco da porta, todos julgavam que estava louca.
Muitos dias depois deste acontecimento, a linda Joanna, vizinha e amiga dos parentes de Maria, foi atacada da melancolia em tudo igual à de que padecia a sua camarada. Tratou-se de espiar da mesma maneira por um buraco que se fez na porta, e viu-se o fantasma de Hantz a chupar-lhe, também, o sangue das artérias do pescoço, como asseverara a mãe de Maria.
O padre foi imediatamente chamado, e Joanna lhe confessou que, havia algum tempo, o espectro a visitava todas as noites, principalmente pela lua cheia, mas que nenhum mal lhe fazia. Contudo, como no pescoço já se divisassem duas nódoas roxas, o padre lhe rezou os exorcismos. Mas de nada valerão essas orações da Igreja: Joanna morreu poucos dias depois, sem lhe ficar no corpo uma só gota de sangue.
Igual fim tiveram mais cinco moças do vilarejo. Então o povo, amotinando-se, tomou o expediente de desenterrar o corpo de Hantz, a fim de ver se poderia cessar tão horroroso mal. Todavia, como a exumação realizou-se durante a lua cheia, achou-se a sepultura vazia.
Um doutor tanto pensou, tantos tratos deu ao juízo, que descobriu que os vampiros somente tinham o poder infernal de sair das suas covas durante a lua cheia. Conseguintemente, esperaram pelo minguante, cuja chegada se esperou com impaciência. E quando a lua apresentou uma diminuta parte do seu disco, correrão então a abrir a sepultura, e nele acharão o tal facínora que sossegadamente dormia com o sorriso nos lábios e com todas as aparências da melhor saúde. Atravessaram-lhe o ventre com uma estaca com tão boa vontade que nunca mais se levantou. Foi queimado e as cinzas lançadas ao vento. Este exemplo intimidou, sem dúvida, os outros vampiros daquelas terras, porque nunca mais se ouviu falar em semelhante flagelo.
]]>The post O VAMPIRO NO CONVENTO appeared first on Combo XD.
]]>Porque agora o que respeita aos mortos me interessa mais do que o concernente aos vivos, reli há pouco o que tu me escreveste, certa feita, sobre os vampiros, esses pretensos cadáveres deambulantes, que, supõe-se, existiram na Hungria e na Polônia. As tuas reflexões sobre eles são maravilhosas, realmente dignas de ti. Tu te lamentavas, com razão, dos erros decorrentes da ignorância e da superstição, e te entristecias com Dom Calmet, que dera crédito à quimera dos vampiros.
The post O VAMPIRO NO CONVENTO appeared first on Combo XD.
]]>The post O VAMPIRO ARNALD PAUL appeared first on Combo XD.
]]>
Há cerca de cinco anos, um certo heiduque[1], que vivia em Medreiga, chamado Arnald Paul, foi esmagado, numa queda, por uma carroça de feno.
Trinta dias após sua morte, quatro pessoas morreram repentinamente, e da mesma maneira que, segundo a tradição do país, falecem os que são atacados por vampiros.
Lembraram, então, que Arnald Paul costumava contar que, nos arredores de Caslova, perto da fronteira da Sérvia Otomana, havia sido atormentado por um vampiro turco. Acreditavam as pessoas que aqueles que eram vampiros passivos durante sua vida tornavam-se vampiros ativos após a morte; ou seja: os que foram sugados em vida, passavam a sugar o sangue dos vivos, quando mortos. Arnald Paul acreditava que houvera encontrado uma maneira de curar-se comendo a terra do sepulcro do vampiro e esfregando-se com seu sangue. Mas esta precaução que não o impediu de tornar-se vampiro após sua morte, já que foi exumado quarenta dias após seu sepultamento, e todos os indícios de um arquivampiro foram encontradas em seu corpo. O seu cadáver estava corado; seus cabelos, suas unhas e sua barba estavam crescidos e as suas veias repletas de um sangue fluido, que escorria de todas as partes de seu corpo e tisnava a mortalha na qual estava envolvido.
O hadnagi, ou o magistrado do lugar, na presença de quem a exumação ocorreu, e que era especialista em vampirismo, trazia, de acordo com o costume, uma estaca muito afiada, que foi cravada no coração do falecido Arnald Paul. A estaca traspassou completamente o seu corpo, o que — dizem — o fez soltar um grito terrível, como se vivo estivesse.
Depois disto, a sua cabeça foi cortada e o cadáver queimado. Em sequência, o mesmo procedimento foi realizado nos cadáveres das outras quatro pessoas que haviam morrido de vampirismo, pois receavam que estas pudessem converter em vampiro outras pessoas.
No entanto, todas essas cautelas não puderam evitar que, no final do ano passado — ou seja, ao cabo de cinco anos —, estas calamidades desastrosa recomeçassem e que vários habitantes da mesma aldeia viessem a morrer.
No espaço de três meses, quinze pessoas de diferentes idades e sexo morrem de vampirismo, alguns sem doença alguma e outros após dois ou três dias de definhamento.
Relata-se, entre outros casos, o de uma jovem chamada Stanoska, filha do heiduque Jotuïtzo, que fora dormir em perfeito estado de saúde. Contudo, acordou no meio da noite, completamente trêmula e soltando gritos terríveis. Dizia que o filho do heiduque Millo, falecido há nove semanas, tentara estrangulá-la enquanto dormia. A partir deste momento, a moça só fez definhar e, ao fim de três dias, feneceu. O que dissera a moça acerca do filho de Millo induziu a que este fosse reconhecido como um morto-vivo. Tendo sido exumado, verificaram que, de fato, tratava-se de um vampiro.
Os governantes locais, os médicos e os cirurgiões investigaram o ocorrido, procurando descobrir como o vampirismo havia conseguido renascer, mesmo diante das precauções tomadas alguns anos antes.
Descobriram, finalmente, depois de intensas investigações, que o falecido Arnald Paul não matara apenas as quatro mencionadas pessoas, mas também vários animais. Estes, por sua vez, haviam sido comidos pelas pessoas, que se tornaram novos vampiros, dentre elas o filho de Millo. Com base nessas provas, deliberaram desenterrar todos aqueles que já estavam mortos há um determinado tempo. Encontraram-se dezessete corpos com todos os mais evidentes sinais de vampirismo. Esses cadáveres também tiveram os corações traspassados e suas cabeças cortadas; depois, foram queimados, e suas cinzas jogadas ao rio.
Todos os procedimentos e execuções, de que falamos, foram realizados legal e escorreitamente, sendo atestados por vários oficiais que estavam em serviço na região, pelos principais cirurgiões dos regimentos e pelos principais habitantes do local. As atas foram enviadas no final de janeiro passado para o Conselho de Guerra Imperial em Viena, que havia estabelecido uma comissão militar para investigar a veracidade de todos esses fatos.
Foi o que o declararam o hadnagi Barriarar e os velhos heiduques, em documento assinado por Battuer, primeiro-tenente do regimento de Alexandre de Virtemberg, Clickſtenger, major-cirurgião do regimento de Frustemburch, outros três outros cirurgiões da Companhia, Guoichitz, capitão em Stallath.
[1] Soldado da infantaria húngara.
The post O VAMPIRO ARNALD PAUL appeared first on Combo XD.
]]>The post "Robin de Sherwood" | Conto appeared first on Combo XD.
]]>
The post "Robin de Sherwood" | Conto appeared first on Combo XD.
]]>